Para as lideranças e empresas que estão antenadas com as mudanças na maneira de se fazer negócios, iniciadas em meados dos anos 1990, os princípios ESG (Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês) não são exatamente uma novidade, nem muito menos indicam um processo disruptivo na gestão das companhias.
Embora o ESG pareça um modismo ou venha sendo utilizado de forma desonesta como suporte ao greenwashing, os princípios e valores para uma gestão corporativa sustentável, quando adotados para valer, contribuem de forma relevante para a longevidade e a competividade das empresas para se fazer negócios no contexto atual.
Há diversos motivos para as organizações adotarem os princípios e diretrizes ESG como eixos norteadores de sua gestão. O principal deles é que a gestão ESG oferece uma visão mais ampla e integrada dos problemas, o que torna a tomada de decisão dos gestores mais assertiva e as organizações mais resilientes às oscilações do mercado no longo prazo.
Aqui vão alguns bons motivos para nortear a gestão pelos princípios e diretrizes ESG:
1) Satisfação dos stakeholders
Cada vez mais, os stakeholders (acionistas, clientes, bancos, fundos de investimentos, funcionários, fornecedores, comunidades locais) estão valorizando e buscando empresas que demonstrem compromisso com a eliminação ou mitigação dos impactos ambientais e sociais de suas operações, com uma boa e transparente governança. Para as empresas que desejam fidelizar esses públicos, a adoção de princípios, diretrizes e – especialmente – práticas ESG fornecem bons atrativos para isso.
2) Gerenciamento de riscos
Por possuir um caráter amplo e interdependente, a gestão ESG permite que as empresas identifiquem e gerenciem melhor os riscos – reais ou potenciais – que podem impactar as operações e o seu valor de mercado, devido aos estragos que podem fazer à reputação da companhia.
3) Inovação e eficiência operacional
Se bem conduzidas, a adoção de práticas ESG tem um grande potencial de estimular a inovação e gerar maior eficiência operacional, com a consequente redução de custos. Apenas para citar um exemplo no aspecto ambiental: a busca constante por redução do consumo e uso equilibrado de recursos naturais pode levar a processos e práticas mais eficientes, com menos desperdícios, maior economia de recursos financeiros e menores impactos ambientais.
4) Acesso a capital
Investidores e instituições financeiras estão cada vez mais incorporando critérios ESG em suas decisões de investimento, disponibilizando no mercado linhas de crédito com prazos e juros mais vantajosos para as empresas que apresentarem maior desempenho econômico e socioambiental.
5) Licença social para operar
Além das licenças legais concedidas pelo poder público para poderem atuar, as empresas necessitam de outra “autorização”, que é a “licença social para operar”. Derivada do processo de diálogo e da construção de laços de confiança com as comunidades, essa “permissão intangível” tem enorme potencial de causar impactos econômico-financeiros para as empresas. O alinhamento da gestão com princípios e diretrizes ESG amplia a probabilidade de obtenção dessa “autorização” das comunidades para que as empresas possam operar num ambiente previsível e de relacionamento saudável com o território de seu entorno.
6) Reputação e construção de marca
A gestão ESG contribui de forma relevante e mensurável para a reputação e a construção de marca das empresas. Uma reputação positiva é sinônimo de clientes e consumidores mais fiéis e leais às marcas, resultando na valorização de mercado (preço das ações) das empresas por trás das marcas.
7) Adaptação às mudanças globais
O cenário no qual as empresas operam e desenvolvem os seus negócios está em constante mutação, numa velocidade estonteante. Para continuarem a ser relevantes e competitivas, com geração de valor para acionistas e investidores, as empresas necessitam de uma complexa capacidade de análise de assuntos tão distintos quanto diversidade de gênero e impactos ambientais das operações.
À medida que os desafios globais se intensificam, como é o caso das mudanças climáticas e das desigualdades sociais, as corporações precisam se adaptar e dar respostas rápidas aos novos arcabouços legais, além das variadas demandas dos stakeholders, sem o que se tornam obsoletas e irrelevantes. A gestão baseada em princípios e diretrizes ESG aporta maior amplitude e conhecimento à visão estratégica e à tomada de decisão das empresas e, com isso, maior agilidade e consistência de resposta. Tudo somado, isso gera resiliência tática e operacional para as corporações lidarem com a complexidade do mercado e da sociedade e assegurarem sustentabilidade e perenidade aos negócios.
Esses são apenas alguns aspectos que podem ser destacados. Em resumo, os princípios e diretrizes ESG não são apenas uma tendência passageira, um modismo, mas sim uma abordagem estratégica da gestão corporativa, essencial para empresas que desejam prosperar em um mundo e mercados em constante mutação.